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#CONSCIÊNCIANEGRA – QUEM FOI CAROLINA MARIA DE JESUS

CAROLINA MARIA DE JESUS

✴ 14 de março de 1914 – Sacramento/MG

✝️ 13 de fevereiro de 1977 – Parelheiros/SP

Filha de pais analfabetos, Carolina frequentou a escola por dois anos apenas, o suficiente para tomar gosto pela leitura e tornar-se escritora. O seu livro mais famoso, “Quarto de Despejo”, traz as memórias de uma mulher negra e favelada, que encontrou na escrita uma forma de sair da invisibilidade social. Traduzido para vários idiomas, o livro considerado a obra-prima da autora atualmente é conhecido em cerca de 40 países. Carolina Maria de Jesus é uma das mais importantes escritoras negras da literatura brasileira e sua obra tem relevância não só literária, mas também política.

A inspiração veio do cotidiano como catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, para onde se mudou no final da década de 30 e onde nasceram seus três filhos, todos de relacionamentos diferentes. Para a época, Carolina foi uma mulher muito à frente de seu tempo: negra, mãe solteira e mulher independente. Não queria casar-se para não servir de saco de pancada para homem, pois o que mais via no seu dia a dia eram mulheres apanhando de seus maridos.

Durante um evento literário no Rio de Janeiro, em 1961, Carolina acusou Jorge Amado, organizador do evento, de ter boicotado seu livro (a editora enviou apenas 50 exemplares à feira, que foram vendidos em menos de meia hora), uma vez que “Quarto de Despejo” vendia, à época, muito mais do que as obras do escritor baiano. O episódio escancara o racismo estrutural, que sempre fez parte da sociedade brasileira.

Ainda nesta ocasião, as pessoas que foram ao evento esperavam encontrar uma Carolina Maria de Jesus vestida como favelada, com roupas puídas e lenço na cabeça, tal qual a imagem que foi vendida da escritora. “Historicamente, escritores negros foram branqueados por manipulação, pelas roupas que usavam e até pelas poses para retratos – sendo os casos de Machado de Assis e Lima Barreto os mais notáveis. A imagem de Carolina Maria de Jesus é, no entanto, inalterável e inegociável: num país desde sempre racista e classista, uma mulher negra, descendente de escravizados, mãe solteira e moradora de favela que ganha notoriedade não por seu talento musical ou esportivo, mas por assinar um livro com sua própria história”. (Quatro Cinco Um – A Revista dos Livros, Paulo Roberto Pires).

Depois do sucesso de Quarto de Despejo, Carolina mudou-se da favela do Canindé com os filhos, gravou um disco com composições próprias e continuou a escrever. Porém, suas próximas obras não obtiveram o mesmo êxito da primeira. Carolina Maria de Jesus virou nome de rua e de biblioteca, foi tema de muitas dissertações e teses acadêmicas, principalmente sobre a sua primeira obra.

📚 Obras publicadas:

✴️ Quarto de despejo (1960)

✴️ Casa de alvenaria (1961)

✴️ Diário de Bitita (1986)

✴️ Meu estranho diário (1996)

🎥 Assista:

👉🏿 TV Brasil >> https://www.youtube.com/watch?v=6AvUP-IoYEo

👉🏿 TVT >> https://www.youtube.com/watch?v=qRjDmmWAFEo

👉🏿 Catraca Livre >> https://www.youtube.com/watch?v=a-hs5HUYdwQ

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