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Câncer de mama lidera mortes por câncer em mulheres brasileiras

O mês de outubro traz campanhas de conscientização para a detecção precoce da doença, que tem índice de cura de aproximadamente 90% se diagnosticada na fase inicial.

O câncer de mama é uma das doenças que mais acomete mulheres e a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do País. De acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 2020 e 2022 foram registrados 181 casos da doença por dia no Brasil e para o biênio 2023/2025, a previsão é de 201 casos por dia. No mundo, estima-se que uma em cada dez mulheres terá câncer de mama até 2030.

Embora seja uma patologia cada vez mais comum entre as mulheres, se for detectado precocemente, o câncer de mama tem altos índices de cura. Por isso, é fundamental a realização da mamografia, embora as estatísticas apontem que 54% das mulheres subestimam a importância desse procedimento. Daí decorre o fato de cerca de 38% dos diagnósticos só ocorreram na fase avançada da doença.

Estudo inédito realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) comprova aumento de cerca de 26% nos casos de câncer de mama nos estágios mais graves da doença. O artigo, publicado no International Journal Public Health (IJPH), a partir da análise de dados do DataSUS do Ministério da Saúde, demonstra que a redução do número de mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos períodos mais críticos da pandemia contribuiu para que novas ocorrências da doença se manifestassem antes do esperado pela comunidade médica.

Outubro Rosa

O movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, Outubro Rosa, foi criado no início da década de 1990, quando o símbolo da prevenção ao câncer de mama — o laço cor-de-rosa — foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA) e, desde então, promovida anualmente.

O período é celebrado no Brasil e no exterior com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença.

O que é câncer de mama

A neoplasia de mama é caracterizada pela multiplicação desordenada de células anormais no seio, formando um tumor maligno. Como mencionado acima, este tipo de câncer é mais comum em mulheres – os homens podem desenvolver câncer de mama, porém é raro: 1% do total de casos.

A alteração genética que causa o tumor está diretamente relacionada à biologia celular. Mas também pode ser estimulada por condições agravantes, sejam endócrinas, comportamentais e/ou hereditárias. Já o tratamento pode variar significativamente de acordo com o estágio e o tipo do tumor ou as características individuais de cada paciente.

Fatores de risco

Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficente e exposição à radiação ionizante.

É possível reduzir a incidência da doença com a adoção de hábitos mais saudáveis, ou seja, controlando fatores de risco comportamentais.

Tratamento

No ano de 2022, 47.410 pessoas receberam tratamento de câncer de mama no SUS e na rede conveniada, segundo dados do Painel Oncologia do DATASUS que podem ser acessados pelo Observatório da APS. A população com 65 anos ou mais representou a maioria das ocorrências: 13.077, mais de um quarto (27,6%) dos pacientes em tratamento.

Considerando a mesma amostra de pessoas que receberam tratamento no período, a quimioterapia foi adotada em 77,9% dos casos, ou para 36.938 pacientes. Depois, cirurgia (15,8%), radioterapia (6,1%) e, por último, a combinação de quimio e radioterapia (0,15%).

Sinais de alerta

Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Mamografia de rastreamento

O diagnóstico em fase inicial permite melhor prognóstico para o tratamento e a redução da mortalidade em razão da doença. A mamografia pode identificar nódulos nos seios mesmo antes deles serem palpáveis. Ou seja, que possivelmente não seriam percebidos durante o autoexame ou a consulta de rotina. A recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres entre 50 e 69 anos realizem mamografia a cada dois anos. Em situações específicas, os profissionais de saúde podem solicitar o exame em idade mais jovem ou com um intervalo menor.

Diferença entre diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama

O rastreamento é a realização de exames periódicos, incluindo mamografia, ultrassonografia e exame clínico das mamas, para identificar alterações que sugerem tumor. Ele é recomendado às pessoas sem sinais sugestivos da doença, mas dentro da faixa etária de maior incidência.

Já o diagnóstico precoce refere-se à abordagem dos pacientes ainda em estágio inicial, quando surgem sinais da doença. Além do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde, a conscientização da população para observar e reconhecer sintomas suspeitos é fundamental para essa estratégia.

Fontes: Inca, Imama-RS, Medicina SA, Umane e Femama