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Corte de verbas de Bolsonaro irá afetar o combate à doença que mais mata mulheres no Brasil: o câncer de mama

Corte de verbas de Bolsonaro irá afetar o combate à doença que mais mata mulheres no Brasil: o câncer de mama

Justamente na véspera do Outubro Rosa, mês em que se intensifica a campanha de combate ao câncer de mama, o governo de Jair Bolsonaro (PL) decidiu cortar a quase pela metade os recursos destinados à prevenção e controle do câncer, segunda doença que mais mata no Brasil.

Segundo dados levantados pelo jornal O Estado de São Paulo, a verba para a Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas – Oncologia – caiu de R$ 175 milhões em 2022 para R$ 97 milhões em 2023. O corte foi feito, segundo a publicação, para viabilizar o orçamento secreto, usado em acordos políticos em benefício de Bolsonaro e de sua base.

Especialistas estimam que há cerca de 60 mil casos de câncer mama anualmente no Brasil. Em 2021, quase 50 pessoas morreram por dia em consequência da doença, segundo dados do Ministério da Saúde. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta essa como a maior causa de morte em mulheres em todas as regiões do Brasil, exceto a Norte, onde prevalece o câncer de colo do útero. Nesse cenário, aumenta a importância da campanha do Outubro Rosa, que busca conscientizar mulheres para prevenir e tratar precocemente ambas as enfermidades.

Segundo o chefe da Divisão de Detecção Precoce de Câncer e Apoio à Organização de Rede do Inca, Arn Migowski, o câncer de mama está associado a fatores de risco relacionados: hábitos de vida, questões demográficas e de natalidade. Já o câncer de colo uterino pode ser previnido com a vacinação contra HPV e com o exame papanicolau, que identifica lesões precursoras antes de se tornarem câncer de colo do útero.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e o Inca recomendam que mulheres de 50 a 69 anos façam mamografia a cada dois anos, caso não tenham sintomas ou histórico familiar do câncer de mama. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) é mais conservadora e indica a realização a partir dos 40 anos, idade que pode cair para até 25 se a paciente tiver caso da doença na família em parente de primeiro grau, como mãe ou irmã.

Descaso com o SUS e com a população

O corte protagonizado pelo governo Bolsonaro atingiu todo o setor de Saúde. No caso das verbas repassadas a estados, municípios e entidades sem fins lucrativos para a construção, ampliação, reforma e aquisição de equipamentos e materiais permanentes na área, o recurso destinado para o ano que vem será de R$ 202 milhões, contra R$ 1,9 bilhão aplicado em 2022.

Ainda de acordo com o “Estadão”, a Rede de Atenção a Pessoas com Deficiência receberá 56% a menos, passando de R$ 133 milhões para R$ 58 milhões previstos pelo governo. A Rede Cegonha e a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) tiveram redução de 61%, com orçamento caindo, respectivamente, de R$ 44 milhões para R$ 17 milhões e de R$ 18 milhões para R$ 7 milhões. Despesas diversas caíram de R$ 150 milhões para R$ 23 milhões”.

Outro exemplo de como Bolsonaro trata a saúde do povo foi o corte em programa que distribui medicamentos para tratamento de Aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais: para 2023 a redução estabelecida é de R$ 407 milhões em comparação com 2022.

Há cerca de um mês, o governo anunciou ainda o corte de 60% no orçamento destinado à Farmácia Popular no ano que vem. A decisão afetaria a população ao atingir 13 tipos diferentes de medicamentos usados no tratamento de diabetes, hipertensão e asma, além de restringir a distribuição de fralda geriátrica. Com medo de perder votos, Bolsonaro mandou os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Economia, Paulo Guedes, reverterem a decisão.

O descaso com a vida das brasileiras e dos brasileiros não para por aí. Em 2021, também pouco antes do início da campanha Outubro Rosa, o governo de Jair Bolsonaro anunciou o corte de 46% da verba do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que produz 85% dos remédios, denominados radiofármacos e radioisótopos, para tratamento do câncer no país. Embora tenha, depois, anunciado a liberação, o impacto desse intervalo prejudicou o tratamento de pacientes com a doença.

Com informações: vermelho.org.br e O Globo